Quando acabarem as palavras

Quando acabarem as palavras,

E a mente parar de criar,

Dedos não abraçarão mais o lápis,

Nem as teclas hão de apertar.

O papel ficará órfão,

E uma tela viuvá a chorar,

Livros não terão desejos,

As redes,

Antissociais vão ficar.

Quando acabarem as palavras,

Onde o “eu” vai morar?

Pelas ruas a mendigar textos,

Se fartará com uma sopa de letrinhas,

Embaralhada,

Sem nada significar.

Um quebra-cabeça indecifrável,

Letras por todo lado,

Sem encaixe,

Nada exato.

Exceto a perda.

Da sanidade,

Ou do excesso de loucura.

Do barulho que a mente produzia,

Da conversa com o eu,

Da falta de opção de outras coisas fazer,

Do amar escrever.

Da vida,

Bela triste vida.

Charles Alexandre
Enviado por Charles Alexandre em 21/04/2021
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