Quando acabarem as palavras
Quando acabarem as palavras,
E a mente parar de criar,
Dedos não abraçarão mais o lápis,
Nem as teclas hão de apertar.
O papel ficará órfão,
E uma tela viuvá a chorar,
Livros não terão desejos,
As redes,
Antissociais vão ficar.
Quando acabarem as palavras,
Onde o “eu” vai morar?
Pelas ruas a mendigar textos,
Se fartará com uma sopa de letrinhas,
Embaralhada,
Sem nada significar.
Um quebra-cabeça indecifrável,
Letras por todo lado,
Sem encaixe,
Nada exato.
Exceto a perda.
Da sanidade,
Ou do excesso de loucura.
Do barulho que a mente produzia,
Da conversa com o eu,
Da falta de opção de outras coisas fazer,
Do amar escrever.
Da vida,
Bela triste vida.