Vício

Começa como brincadeira,

Curiosidade,

"Vou experimentar ".

Não sente nada,

Pensa que esse negócio de dependência é frescura.

És maior que isso, e não te perturba.

Na ilusão que domina o ato,

Outra vez prova.

Agora foi diferente,

Sentiu a brisa.

Da impressão que o cérebro expandiu,

O ego te levanta em seus ombros,

Aquilo tudo fascina,

Aos poucos vem e domina.

Mas uma vez,

Como pode não ter provado antes?

Vontade cresce,

Mais precisa,

Passa de experimentador a usuário.

Porém há horas de alucinação.

Aquela dependência revolta,

Isso, dependência.

Subiu uma escala,

Necessita daquilo.

Tenta parar,

Mas a mente pede,

A alma grita,

A fissura é tanta que chega ser incontrolável a vontade.

Se entrega.

Infelizmente ou não, descobre que não há tratamento.

Não há estudos que auxiliem para cura.

A farmacologia ignora totalmente sua dependência.

Psicólogos, psiquiatras e neurocientistas associam a outra qualquer.

Não há tratamento,

Não há cura.

Há uma escala no padrão do dependente/usuário.

Começa com as letras,

Formam-se palavras,

Avança para frases inteiras,

Quando se dá conta,

Já está com texto.

Um após outro,

A mente pede,

A alma grita,

Precisa escrever,

Coração rápido palpita.

Quer mais,

Lápis, caneta ou tinta,

Na falta, usa carvão,

Os dedos,

Telas em branco,

Qualquer coisa serve para conter o impulso.

Sou eu um viciado,

Peço perdão pela sinceridade e por ser direto,

Se você é como eu,

Sinto muito.

Mas saiba que não está sozinho,

De nós o mundo está repleto.

Charles Alexandre
Enviado por Charles Alexandre em 15/04/2021
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