Vício
Começa como brincadeira,
Curiosidade,
"Vou experimentar ".
Não sente nada,
Pensa que esse negócio de dependência é frescura.
És maior que isso, e não te perturba.
Na ilusão que domina o ato,
Outra vez prova.
Agora foi diferente,
Sentiu a brisa.
Da impressão que o cérebro expandiu,
O ego te levanta em seus ombros,
Aquilo tudo fascina,
Aos poucos vem e domina.
Mas uma vez,
Como pode não ter provado antes?
Vontade cresce,
Mais precisa,
Passa de experimentador a usuário.
Porém há horas de alucinação.
Aquela dependência revolta,
Isso, dependência.
Subiu uma escala,
Necessita daquilo.
Tenta parar,
Mas a mente pede,
A alma grita,
A fissura é tanta que chega ser incontrolável a vontade.
Se entrega.
Infelizmente ou não, descobre que não há tratamento.
Não há estudos que auxiliem para cura.
A farmacologia ignora totalmente sua dependência.
Psicólogos, psiquiatras e neurocientistas associam a outra qualquer.
Não há tratamento,
Não há cura.
Há uma escala no padrão do dependente/usuário.
Começa com as letras,
Formam-se palavras,
Avança para frases inteiras,
Quando se dá conta,
Já está com texto.
Um após outro,
A mente pede,
A alma grita,
Precisa escrever,
Coração rápido palpita.
Quer mais,
Lápis, caneta ou tinta,
Na falta, usa carvão,
Os dedos,
Telas em branco,
Qualquer coisa serve para conter o impulso.
Sou eu um viciado,
Peço perdão pela sinceridade e por ser direto,
Se você é como eu,
Sinto muito.
Mas saiba que não está sozinho,
De nós o mundo está repleto.