Repente: Cidade Grande

Tanta gente alienada,

Indo de um lado a outro,

Andam cuspindo de raiva,

Parece cachorro doido.

Cidade Grande enlouquece,

Semana comendo ovo,

Final de semana é pinga,

Para esquecer de todo estorvo.

Saudade do meu sertão,

Lá riqueza não havia,

Mas também esta moléstia,

Com nós ninguém rebolia.

Povo aqui é tudo louco,

Vivem tudo cuspindo fogo,

Ganham dinheiro pra nada,

Só pra fazer inveja nos outros.

O pombal é organizado,

Tem prédio pra todo lado,

Às vezes alguns avoam,

E a morte que pega à toa.

Nunca vi mulher pari,

Acho até que bota ovo,

E pra entrar nesse aperto,

Só um em cima do outro.

Também ninguém dá bom dia,

Comem a marmita fria,

Resumem nordeste à Bahia,

Estudam, mas não geografia.

Aqui não há vaca, há caixinha,

Leite é água branquinha,

Verdura se colhe em pia,

Uma tal de hidroponia.

Todas as mentes são cheias,

E todas cabeças vazias,

Um é melhor do que o outro,

E se for pobre, mais te pisam.

Tô indo embora meu povo,

Aqui não fico nem mais um dia,

Prefiro o sofrer da roça,

Do que essa falsa alegria.

Charles Alexandre
Enviado por Charles Alexandre em 14/04/2021
Código do texto: T7232131
Classificação de conteúdo: seguro