A despedida de um amante

Me despeço sem vontade

Não sei ainda para onde vou

Mas de certo, é para longe

Se dependesse de mim a escolha

Eu ficaria eternamente junto a ti

Ou até quando corpo em declínio natural

Me fizesse finalmente partir

Não tenho essa sorte, lamento

E nada posso fazer se não aceitar o fato

Que aqui estou, por tempo limitado

Limitado talvez, ao tempo de um noite

Ou quem sabe ao de um dia inteiro

Mas é certo que sendo um ou outro

Partirei logo, para o meu desgosto

Contudo, ainda me sobra isto:

-Escrever-te estas últimas palavras

Já me agrada poder despedir-me

Mesmo que eu não esteja aqui

Quando fores ler esta certa

Mas não faz mal que em carne eu não esteja

Basta estar meu espírito cravado nas letras

Este não se perderá com o tempo

Como comida quanto esgota a validade

Durará o tanto da tua saudade

E mais, o tanto quanto guardares na mente

E num outro pedaço de papel, a cópia

Podendo até eternizar-me

Como fazem com os grandes escritores

Que ainda após suas mortes

Caminham silenciosamente nas palavras

Deixo-te por último, um caloroso:

-Obrigado!

Fizesse de mim homem bem aventurado

Mais que feliz, um eterno apaixonado.