Vencido.
O meu amor é a vela inexistente
Que ilumina um caminho florido
Duma dama quase que ausente
Andando rumo a um veleiro perdido.
A minha terra é seca como um mar
De angústia, de desesperança, iludido;
Seca como uma noite sem luz de luar,
Como um menino, pela mãe, ferido.
Eu sou um desejo fatal, uma lâmina fina;
Sou um porto de sonho esquecido.
Eu sou uma dor chorosa, pungente, sem rima;
Sou um fósforo que foi, pelo próprio fogo, destruído.
E a minha carne é troféu para o meu inimigo,
Não porque fui, de verdade, derrotado,
Mas porque me percebi caído.
Sou, na realidade, a ruína d'um mundo acabado,
Vencido.
De um mundo doente,
Pedro Lino.