NAS BORDAS DO QUADRADO
Eu sou talvez quem sabe quase este quadrado
Por muitas vidas que andei tão isolado
Ouvindo Bach meio barroco deslumbrado
Ainda que um pensamento me martele
Minha cabeça que parece um arvoredo
De minha alma que se acorda sempre cedo
Deste relâmpago do qual nutro muito medo
Sou o que resta o que sobrou de minha pele
Ao longe eu ouço um abafado estampido
Meu coração que teve um fim tão merecido
Por desejar um coração talvez perdido
Por desejar todo o amor que se revele
Não sei se saio finalmente deste engodo
Perpetuando-me qual mais um visigodo
Retiro a minha vida deste imenso todo
Pelo amor que de minha entranha se expele
Vou partilhar o meu sublime conteúdo
A minha eterna poesia que é um tudo
E gritarei até que o grito fique mudo
Teu nome, forte...
Que não existe além das bordas do quadrado