POEMA SEM NOME
Às vezes,
Eu sinto que o mundo
É grande demais para mim...
Noutras, eu me vejo
Pequena demais para ele.
Mas existem momentos
Que no mundo inteiro
Não há espaço suficiente
Para eu transbordar
O que vai por dentro.
Às vezes eu penso
Que meu tempo aqui
É perda de tempo.
Noutras, eu sinto
Que nem todo tempo do mundo
É suficiente para caber
O que me vai na alma.
Todas as certezas são esmagadas
Entre os dedos da vida,
Que espalha as migalhas
No meu rosto perplexo.
Mas logo depois, ela pinta
Outros cenários surreais
Escrevendo por cima: “Decifra-me!”
Às vezes eu penso que não vale a pena
Ler tanto, escrever tanto,
Desejar saber tanto
E saber tão pouco.
Às vezes eu sinto, bem dentro de mim,
Alguma coisa que quer brotar,
Mas eu não sei quem plantou a semente
Nem no quê ela há de se transformar.
Nessas horas, eu tenho medo
Da terra, do sol, da água,
Pois não sei o que crescerá
Se eu decidir lança-la
No solo imperfeito da minha vida,
No solo imperfeito da minha vida,
Então eu me renego, silencio,
Digo a mim mesma que não vale a pena
Rasgar-me assim, diante do mundo,
Nas letras de um poema.