LOCKDOWN

Estamos em lockdown.

Ainda bem que tenho uma janela na cabeça,

por onde saio a passear pelo mundo...

Quando olho as casas com pessoas dentro,

me pergunto por quanto tempo ficarão lá,

a contarem os grãos de feijão, o arroz,

sem poderem perguntar: o que virá depois?

Estamos rondando o precipício.

Os que estão em suas mansões não sabem

o que acontece com aqueles lá nas favelas...

Todos nós caminharemos juntos, pelo vale

das sombras, nem o aço sobreviverá,

nem os poemas, nem as livrarias,

nem as biqueiras, nem os pub's...

A soberba e a arrogância

estão com os dias contados;

ou o homem aprende a estender a mão

ou esta mesma mão apunhalará seu coração.