ANSIEDADE
Não tenho pressa na vida
Pois não termina em velório
Minha ansiedade
Lembranças de meu futuro
Arranco meu suspensório
E a castidade
Eu já perdi meu juízo
Meu corpo é só acessório
Na eternidade
Não tenho medo do vírus
Já registrei no cartório
Minha imunidade
Queria mais que o destino chegasse
Na hora exata da dor e afogasse
A minha mágoa do mundo e eu chorasse
Que o infinito então se emergisse
Força dos versos que o chão estremece
A cor do rosto que logo enrubesce
Ao perceber as mãos juntas na prece
Que o sofrimento, então, destruísse
Não tenho pressa ao velório
Pois continuo em vida
Na eternidade
Lembranças do suspensório
Que arranquei do futuro
Com a castidade
Já me perdi deste vírus
Meu corpo é pleno escritório
De imunidade
Eu registrei meu juízo
Como mais um acessório
Da ansiedade.