NAVEGAR

Quantas vezes desenhei palavras

que não sabia bem o sentido,

eu era só um menino que procurava

uma saída dentro de um mundo perdido

entre gibis e matinês, amor pela atriz,

o nascimento da paixão, a vida viva...

Quantas vezes desenho palavras

que sei bem o sentido,

sou só um homem que anda à procura

do fio de Ariadne, a saída do labirinto

entre Minotauros e Perseus, Penélope,

opúsculos, a odisséia, o mar aberto...

Hoje, menino homem menino,

conheço as cores e onde elas estão,

crio e recrio os passos desde a barbárie,

assumo o destino que me deu Netuno,

em cada escama um hieróglifo, um signo,

às expensas da imaginação me alimento,

busco o que todo caçador busca:

a palavra que defina existir.