Deus Negro*
Longe de mim querer despertar a ira dos deuses
Que repousam na longevidade temporal e que não cedem a intempéries
Que ouvem gritos de horror e lamentações de pessoas inocentes
Que ecoam dos recônditos tristes e solitários do horizonte
Que não acreditam haver tamanhas desumanidades
Que tormentos são esses que provocam dores e sofrimentos?
Que nos tiram a paz, nos alimentam de ódio e nos dividem pela cor da pele?
Cores e tonalidades de peles que registram passados de lutas, culturas, valores
Histórias de povos subjugados, guindados à miserabilidade por aqueles que se arvoram superiores.
Que os tratam com injustiças, extrema exploração, com a escravização física e mental nas senzalas intermináveis
Vultosas embarcações negreiras imponentes traficaram almas,
Corpos mutilados, diamantes jogados ao mar e condenados às tumbeiras
Onde a escuridão espera e a incerteza é alivio da crença.
Divagam almas errantes nas mais distantes plagas
Que jamais desistam e que se agarrem às amarras, não corram...
Que o poeta dos escravos, invoque o Deus dos desgraçados
Que o Deus Negro possa ter piedade dessas almas insanas
Que o Zumbi dos Palmares ouça no mais alto som todos os ais
Que as lutas do herói "Madiba" não sejam em vão, avante mastro da mezena!
A cor da pele também é a da ternura, como bem diz Geni
Que a paz reine entre as nações e que sejam rechaçados os gritos dos maus... e despertado o silêncio dos bons
Que o eterno escultor arquitete um coração multicor que, ao pulsar, nos torne iguais!
* em texto inspirado no poema de Castro Alves