Trafego Pela Marginal
Discorrer em versos a discordância da concordância verbal e nominal,
Esconder pronomes e sua possessividade na relatividade indefinida do conceito pessoal,
Desconjugar verbos,
Intransitáveis e intransitivos,
Na impessoalidade,
Onde a reflexão é arte,
Quebrando regras,
Sem a doutrinação da via expressa,
Com a juvenil delinquência de trafegar pela marginal.
A cultura que sobe os morros,
Invade a periferia,
Cai como chuva em sertões,
Dá ênfase e reconhecimento a um "Torto Arado",
Mostra que o preto pode,
Que a mulher pode ser livre e forte,
Que a opção sexual de cada um não determina valores, consequências ou sorte,
Que não há caminho único, saídas são construídas do sul ao norte.
A crítica tem medo por não ter sentido,
O poder sobretaxa pois o livro é temido,
Conhecimento passado, não pode ser esquecido,
Tentam matar a cultura, mas já é caso perdido,
E a norma culta e seus padrões são usados como artifício,
Para conter o avanço e determinar o que é permitido,
E buscar o controle, através da ignorância,
Ainda deixa resquícios,
Mas chegará o dia que o conhecimento fará o povo despertar de tudo isso,
E a injustiça terá um fim, extermínio.