CAUSA APARENTE

Não vejo o mar

como queres que eu me inspire?

não sinto o sol

como queres que eu transpire?

não sou poeta de dentro

não existo sem a externidade

guio-me só ao sabor do vento

viro drummond ante tempestade.

Não ouço nenhum zumbido

cadê as abelhas?

para onde foram as mansas ovelhas?

Não me sou por mim mesmo

baratas erguem minha essência

se eu não os vir, para eu existir

a quem pedirei clemência?

Eu me sou quando avisto

eu me sou quando toco

eu me sou quando insisto

que me chamem de louco.

Não me sou quando calo

nem quando me resguardo

sou-me inteiro quando falo

que o existir é meu fardo.

Educético
Enviado por Educético em 08/02/2021
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