CAUSA APARENTE
Não vejo o mar
como queres que eu me inspire?
não sinto o sol
como queres que eu transpire?
não sou poeta de dentro
não existo sem a externidade
guio-me só ao sabor do vento
viro drummond ante tempestade.
Não ouço nenhum zumbido
cadê as abelhas?
para onde foram as mansas ovelhas?
Não me sou por mim mesmo
baratas erguem minha essência
se eu não os vir, para eu existir
a quem pedirei clemência?
Eu me sou quando avisto
eu me sou quando toco
eu me sou quando insisto
que me chamem de louco.
Não me sou quando calo
nem quando me resguardo
sou-me inteiro quando falo
que o existir é meu fardo.