DESBRAVADOR DE CAMINHOS.

Estive na frente do tempo

Recolhendo vento e sal no rosto.

Colhi sementes, rasguei patentes

E coisas importantes conquistei.

No horizonte eu via o teu rosto,

Sentia na mão o calor do teu corpo,

Você sonhava todos os meus sonhos,

Mas eu não sonhava os sonhos meus.

Estive na fronteira do mundo

Pescando, em sonhos, esperanças novas.

Em volta, Sentia o tempo ao longe passar,

Via a saudade, por entre nuvens, se afastar.

Mas meu coração apaixonado guardava

Aquele mesmo profundo amor, pra te dar.

Para sonhar amanhã, estive na proa do mar

Desbravando o rumo a seguir,

Aquecendo a coragem de decidir.

Lancei a dor para o alto, mais de uma vez

Calado, sem parar, em voltas muito corri

Num instante, veio o menino que me tornei,

A saudade, que chegava, sorrindo abracei

E encontrei novamente o teu olhar.

Estive no fio da navalha,

Em um equilíbrio precário,

Quase cortando a esperança.

Por milagre escapei com vida.

Com a alma em brasa, cambaleando

Por sorte descobri que existe vida nova e cor

Neste lado do fio mais quente do Equador.

Estive por anos na frente do mastro

Recolhendo a vida em forma de saudade.

No horizonte vi e gravei o teu rosto

Sonhei dias e noites com um novo encontro,

Planejei, decidi, coragem encontrei

E reencontrei a desejada liberdade,

O outro lado da saudade,

Que por longo tempo sonhei.

DESBRAVADOR DE CAMINHOS - Edson Neves.