Homem da taberna

penosa pergunta, indagação silenciosa,

poema semelhante a uma crônica. Contém 4 décimas.

1) Vida Amada!

Topei no pé da calçada...

Vi um homem junto ao copo

de cuja dose, eu não topo

tomar um trago por nada.

"Perguntei à Vida Amada

por que isso acontecia."

Mas ela não respondia

e eu fiquei impressionado;

tive pena do coitado,

sentindo o que ele sofria.

2) Comoção consequente

Segui, fazendo esta crônica

sobre a face desse homem

e dos tragos que o consomem,

bebendo aguardente tônica.

"A Vida tornou-se afônica

e ele estava calado."

Fui ficando emocionado

e enquanto eu me comovia,

o homem não se mexia,

na cadeira, bem sentado.

3) Silêncio vivo

Quem sabe se ele pensava

na vida silenciosa?

que a taberna luminosa

tem a paz que ele esperava?

"Sua imagem combinava

com o silêncio da taberna."

Sem barulho nem baderna,

ele estava pensativo,

dando sinais de estar vivo,

de que ainda se governa.

4) Sem mais pergunta

Mas depois, fui esquecendo

o cenário impressionante.

Aquele homem pensante,

não sei o que está fazendo.

"Seja pensando ou bebendo,

não sabe que me fez pena."

E a sua imagem serena

talvez fosse mais ditosa

sem a pergunta penosa

que havia naquela cena.