Na avenida 7
Uma mão foi estendida
Do alto avistava as digitais
Elas nos levavam aos olhos em banho-maria
Uma alma segurando o coração escandaloso
E as lágrimas tropeçaram por bisbilhotar
Para cada um que passava esta mão mostrava
O que te levou a movimentar-se
Para a moça de trança, uma aliança
O menino sem dente, um hambúrguer
Para a senhorinha, a chave da casa
Para o senhor magrelo, um caminhão
Para o cachorro, um pedaço de pão
Para o ocupado, o relógio com tempo
Para a curandeira, um doente transcendental
Para o jardineiro, sementes celestiais
Para a moça mais linda, o coração
E esta mão estendida sofria, tremia, ela entregava sua fome de tudo
Exagerou alimentando-se do que ficou
Mãos vazias estendidas
Entregando a alma pelo filho
Rezando pela primeira vez com ardor
Tudo termina aonde começou
Mãos estendidas desaba
Já não querem de volta
O que por descuido sobrevive na esquinóia