Um poder misterioso
Um poder misterioso
entre aquilo de que é feito
e o seu feitio, o porte…
essas escadas que não dão para porta nenhuma
a não ser para a janela da dispensa da casa da tua vizinha
e que subo devagarinho numa esperança vã
como que num golpe de sorte lá fosses pedir açúcar…
e depois as andorinhas não voltaram
e não partiram as cegonhas
e os flamingos nunca mais foram vistos
e o tempo ficou seco
como secos estavam os meus olhos
que fitavam o fim da estrada
sem que chegasses…
há um poder misterioso
nesse pedaço de peito
que levaste contigo
fazes me falta sabias?
fazes-me falta…
mesmo que nunca tenhas sido minha…
mesmo que eu nunca to tenha dito
fazes-me falta
andorinha…
Alberto Cuddel
01/01/2021 16:07
In: Entre o escárnio e o bem dizer,
Venha deus e escolha VII