Raíz
A gente faz o que não gosta e quer ser feliz,
Cala a intuição e só ouve o que o outro diz,
Brilho da alma se apaga, perde a força motriz,
A morte vem pra todo mundo mas vive só quem quis.
Gente que nasce, cresce e sofre,
Vive por dinheiro,
Quando está triste se esconde,
Chora no banheiro,
E sempre que a noite cai,
Soca o travesseiro,
A raiva é tanta e não explode,
Com dono do puteiro.
É o poder,
Exploração,
E pouco a pouco exterminando,
Com a vida do pião,
A taxa é alta,
O jogo é sujo,
Quem tá aqui desse lado,
Quer pular o muro.
A resistência que esquenta,
Uma luz que se apaga,
Faísca, chama, fogueira,
Apagam tudo com água.
Quer te manter no escuro,
Cego, louco e mudo,
Só não te deixam surdo,
Para ouvir os absurdos,
Jogados ao vento pelo mundo.
Te aprisionam em frente a uma televisão,
Telenovelas, telejornais,
Telepaticamente,
Te roubam,
Tempos a mais.
Há tanta coisa o que fazer,
E você focado na tele tv.
O consumo entorpece,
E vão ficando ricos,
Com o baú,
A Universal,
E o canal do bispo.
É tanto bem e tantos deuses,
Difícil até decidir,
Por seletor ou controle remoto,
Vai quem preferir.
Da salvação ao consumo,
Tudo se oferece,
Quem paga mais tem o perdão,
Quem não tem faz prece.
E novamente eu te questiono,
Como ser feliz?
Se ao invés de espalhar sementes,
Em solo arenoso,
Quer fincar raíz.