Raíz

A gente faz o que não gosta e quer ser feliz,

Cala a intuição e só ouve o que o outro diz,

Brilho da alma se apaga, perde a força motriz,

A morte vem pra todo mundo mas vive só quem quis.

Gente que nasce, cresce e sofre,

Vive por dinheiro,

Quando está triste se esconde,

Chora no banheiro,

E sempre que a noite cai,

Soca o travesseiro,

A raiva é tanta e não explode,

Com dono do puteiro.

É o poder,

Exploração,

E pouco a pouco exterminando,

Com a vida do pião,

A taxa é alta,

O jogo é sujo,

Quem tá aqui desse lado,

Quer pular o muro.

A resistência que esquenta,

Uma luz que se apaga,

Faísca, chama, fogueira,

Apagam tudo com água.

Quer te manter no escuro,

Cego, louco e mudo,

Só não te deixam surdo,

Para ouvir os absurdos,

Jogados ao vento pelo mundo.

Te aprisionam em frente a uma televisão,

Telenovelas, telejornais,

Telepaticamente,

Te roubam,

Tempos a mais.

Há tanta coisa o que fazer,

E você focado na tele tv.

O consumo entorpece,

E vão ficando ricos,

Com o baú,

A Universal,

E o canal do bispo.

É tanto bem e tantos deuses,

Difícil até decidir,

Por seletor ou controle remoto,

Vai quem preferir.

Da salvação ao consumo,

Tudo se oferece,

Quem paga mais tem o perdão,

Quem não tem faz prece.

E novamente eu te questiono,

Como ser feliz?

Se ao invés de espalhar sementes,

Em solo arenoso,

Quer fincar raíz.

Charles Alexandre
Enviado por Charles Alexandre em 19/12/2020
Código do texto: T7139068
Classificação de conteúdo: seguro