EM LINHAS DORIDAS
Decidi descrever-me,
descrever a minha dor,
aguilhões que ferrem-me,
são crepúsculos sem pudor,
aliciam a minha carne,
picadas marimbondas no meu ser.
E a tristeza, a agonia,
fizeram moradas no meu caminho,
a rotativa é fugaz, em cada linha
da estrada grande ponteira,
ferre-me os pés, quebra-me a paz.
Na pele, sarnas,
no coração, pregas espinhosas,
no meu olhar, monstros cantantes,
no meu pensar, sentimentos cortantes,
todos alegram-se nesta casa,
nesta dança e canção constante.