O Tempo.

O tempo é a nossa faculdade

De poder sentir o peso do abstrato

E faz saber que o inexistente existe

Não pelo amor, não pelo olfato

Talvez pelo eriçar, pelo arrepio

A milimétrica estrada

O serenar de toda rebeldia

O vento que a todos circunde

Um velho ribeirão

Que ainda circule ao nosso lado e ninguém veja

O dia a dia

O nada que a tudo esfria

Um bule no fogo apagado

Um deus impiedoso e exigente

Que leva da gente uma imagem de espelho

Nos põe de joelhos...nos tira

Todo sangue, todo riso e toda poesia

Todo mal necessário

A tudo que for fundamental

Mas que não for preciso

Uma alternância inevitável entre calor e frio

É alguém que vemos mais de perto

Quanto maior for a distância

É montanha e desmorona, e que se faz ravina

O vento a varrer as rochas

O rio que não se acumula

O findável que não tem fim

E que é, enfim, a toda graça da vida

Quando o olhar um dia aprende a ver sua medida

Pois não há régua que o meça

É água lenta, sem pressa

Assim é o tempo que se passa.

Edson Ricardo Paiva.