Para não dizer que as flores não nos avisaram

Prossigo calado ouvindo os canhões

Diferentes disparos contra as multidões

Nos presídios, nas ruas, casas, mansões

Prossigo calado ouvindo os canhões

Vão-se na aurora sem medo de morrer

Pensam ser a honra, mas quem pode dizer?

Vão-se na aurora sem medo de morrer

Pensam ser a honra, mas quem pode dizer?...

Pela fome, há campos com grandes devastações

Pelas ruas marchando, decididos leões

Com flores nas garras e sangue nas canções

Por detrás de suas flores, plantando ilusões

Vão-se na aurora sem medo de morrer

Pensam ser a honra, mas quem pode dizer?

Vão-se na aurora sem medo de morrer

Pensam ser a honra, mas quem pode dizer?

Nos presídios, nas ruas, casas, mansões

Há pessoas confusas, sortudas ou não

Coagidas por outros, com flores nas mãos

A viver pela ideia e matar sem perdão

Vão-se na aurora sem medo de morrer

Pensam ser a honra, mas quem pode dizer?

Vão-se na aurora sem medo de morrer

Pensam ser a honra, mas quem pode dizer?

Os horrores na frente, os amores ao chão

A loucura na mente as flores em vão…

Vão-se na aurora sem medo de morrer

Pensam ser a honra, mas quem irá dizer?

Vão-se na aurora sem medo de morrer

Pensam ser a honra, mas quem irá dizer?...

Inspirado na obra: Para não dizer que não falei das flores, de Geraldo Vandré