DE UM JEITO SIMPLES
Sempre gostei de escrever
sem saber o que estava escrito;
sabe-se lá o que a palavra queria dizer,
se ia falar ou deixar o dito pelo não dito...
Procurava palavras que já tinha ouvido,
as que todo mundo falavam no dia-a-dia;
não me preocupava se faziam ou não sentido,
as colocava juntinhas, chamava isso de poesia...
Se estava triste escrevia lágrima ou solidão,
mas se me vinha alegria rabiscava um sorriso;
se um sentimento estranho viesse do coração
me apressava em escrever - isso não é comigo!
O tempo passa e a gente cresce e as palavras
também, mudamos os assuntos, alegorias;
ficam mais fortes, se tornam grafias mágicas,
escapam do senso comum, se tornam filosofias...
Até que um dia, esclarecidas as dissonâncias,
palavras de cabelos brancos, na orelha uma flor,
voltam ao tempo em que éramos crianças,
de um modo simples, viviamos cheios de amor...