A ÚLTIMA FLOR DO LÁCIO - PLANETA, PLANETA, PLANETA

Sou um homem sem Papas na língua...

Escolha algo para mim, amor...

Já não me sinto confortável colhendo uma flor,

tenho medo que o mundo morra

sem oxigênio - nosso santo protetor...

Pode ser alguém que não está só,

talvez isso seja desatar um nó,

alguém que não ama alguém que a ama,

que durma no outro lado da cama

ou pode ser alguém

que desceu do trem

e não sabe onde está,

o acaso nos fará encontrar...

Em último caso

traga-me um vaso

onde porei a última flor do Lácio:

pensas que esculpir versos é fácil?

Planeta, planeta, planeta,

por que te secas o homem

mamando em tuas tetas?

Não pratica o ato devolutivo

de devolver-te à boca

o que tem colhido

de tuas entranhas,

nem o farelo de milho,

nem a mais louca

poesia poderia demovê-lo

de tanta sandice,

atirar ao lixo

o resto de sopa

(malvado filho...)

Planeta, planeta, planeta,

por que te feres aquele que em ti mora

de favor a fazer mágica obsoleta?

Não constrói abrigo a quem precisa,

pratica o ato ofensivo de ofendê-lo

desfiando maldades de seu novelo,

arrastando-o à fúria de titãs

que em tua águas revoltas mora

e lanças em ondas em muitas manhãs...

Planeta, planeta planeta,

de que deus descende que não o pune,

apenas o observa a andar variado sem luneta?