NÃO TENHO TEMPO, NEM IDADE, TENHO VIDA
(Sócrates Di Lima)
Corre nas minha veias,
O sangue velho do meu tempo,
E a minha alma entrelaçada em teias,
Mostram que a vida hoje é um passatempo.
A minha face nem tem rugas marcada,
Meus cabelos esbranquiçados,
Minha pele pela vida tatuada,
Mostram meus ares um pouco cansados.
Vivo a minha idade intercorrente,
No meio de uma multidão de mim,
Meus olhos em piscados intermitentes,
Mostram que o tempo ainda não é o fim.
De nada me arrependo,
Da vida que me foi tão dura,
Mas jamais desanimei, vivi aprendendo,
Fiz da minha vida uma pintura.
Tive meus amores e nos sonhos perduro,
Vivi na loucura dos meus ais,
De menino, jovem, homem maduro,
Coisas que no tempo não voltam mais.
O que me magoa,
É como os jovens tratam os velhinhos,
Como se fossem viver a vida eterna, numa boa,
E que jamais terão que ficar sozinhos.
E por tudo que a vida me deu,
Vivi plenamente meus amores,
E como um louco a vida me aconteceu,
E eu amo como o beija-flor, as flores.
Então nos smeus noventa e nove anos,
Ainda sou um anjo de asas incontidas,
E nada me impede os desejos insanos,
e nem o amor em vontades atrevidas.
Jamais tive medo da morte,
Minha idade nada me impediu,
Fiz tudo o que eu quis, tive sorte,
Vivi sorrindo mas o tempo consentiu.
Hoje ainda tenho toda a força do mundo,
E as vontades mais loucas,
Amo, e amo com um amor profundo,
Não se engane, não durmo de tocas.
Não tenho sangue, tenho irisina,
O hormônio da minha manutenção,
Sou forte vivo na adrenalina,
Com ela bate forte o meu coração.
E eu quero viver por vários anos,
Os viverei na minha plenitude salutar,
Não tenho idade, tenho sonhos e planos,
Que jamais em mim poderão acabar.
Sou filho de peixe, quiçá de aquário,
Minha alegria faço acontecer,
Não me importa o calendário,
O que quero é amando viver,
Dizem por ai que me amam...
digo por aqui, que amo também...
e o amor louco dos amantes que clamam,
tenho o meu de hoje, enquanto a vida me tem!