A nova vida

Parecia que o mundo dava um tempo

Ia chegando ao fim com data marcada

A velocidade diminuía e o povo se calava

O que era passageiro virou rotina

O que seria exceção virou normal

O que era precaução virou medo

As janelas viraram telas digitais

Os encontros eram virtuais

E a realidade virou ficção

A língua se transformou

Tudo de bom? Não, Cuide-se bem!

Vem? Não vou

Não mais Passe bem

Não mais Até logo

Use álcool em gel e Até um dia, talvez

Não esqueça a máscara

Revele-se um cidadão de bem

Fique em casa, não fale com ninguém

A natureza ignorava as transformações

Verão, outono e inverno seguiram suas andanças

E a primavera, como sempre, trouxe mudanças

E as flores apareceram em todas as cores

E as pessoas se lembraram da vida

Esqueceram mortes, doenças e dores

Sem mais tempo para o medo

Sem mais medo do medo

Resolveram simplesmente viver

Sem mudar nada, seguiram esperançosos

Sem mudar nada, encontraram a si próprios

Sem mudar nada, assimilaram a nova vida

Anelê Volpe
Enviado por Anelê Volpe em 18/11/2020
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