Eu, noite.

Nasci em dia claro e sol intenso,

Sou filho da lua,

Moro ao relento.

Meu pai?

Já me falaram ser o vento,

Vezes vem brisa,

Afaga o pensamento.

Ando nas ruas só observando,

Como tem gente subindo,

Outros se escorando,

Os que tem medo,

Se esconde e sofre sempre em algum canto,

Quer o seu quarto,

E no escuro escorrer seu pranto.

E como tem gente que julga,

Privilégio é questão de conduta,

Veio fácil e nunca com luta,

Há pecado, se exime da culpa,

Macieira, não provou da fruta,

Usa saia, já fala que é puta,

O dinheiro é questão de disputa,

Quanto mais, mais tem alma pura,

Na ganância se reina a loucura,

A posse é vício, gera fissura.

Charles Alexandre
Enviado por Charles Alexandre em 12/11/2020
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