Incompreensões Terrenas
Isso é sombra,
É a alma que do corpo se libertou,
Cansou,
Foi embora.
Não fique triste,
Não chora,
No corpo há vida,
A alma partiu com as suas revoltas.
Tinha vontade,
De se perder no espaço,
Por entre as estrelas,
Conhecer os planetas,
Talvez encontrar um extraterraqueo.
E falar da vida na Terra,
Das dores humanas,
Do medo do escuro,
Complexidade,
Mundo midiático.
Sem gravidade é mais fácil,
Basta nadar,
Em um mar infinito,
Sem se molhar,
Talvez se afogar,
Não pelo excesso de água,
Mas pela falta de ar.
A gravidade reduz,
Nos prende ao chão,
Limita meu espaço,
Me faz ter o convívio,
O contato.
Que gera atrito,
Cada qual quer ultrapassar limites determinados.
Invasão evasiva,
Prazer em ter dominado.
Praça cheia,
Festa de um Divino preso,
Humanos não o soltam,
O mantém ali,
A cruz agarrado,
Sofrendo.
Imagem que usa o medo como prego,
Uma coroa de egoísmo coletivo,
Cravado na cabeça,
A expressão de dor aumenta,
Mais a fé alimenta,
Sangue que corre,
Liberta o pecado,
Outro pode ser executado.
Difícil entender meu amigo viajante?
Nós terráqueos nos achamos superiores,
Prendemos deuses,
O limitamos a um corpo,
E o torturados buscando a salvação,
Presos, o exaltamos,
E humilhados,
Oferecemos a redenção.
Pôde perceber,
Humano sinônimo de contradição.
Caminho mais curto,
De terra batida,
Um outro mais longo,
Repleto de brasa,
Caminho mais duro,
Expõe a ferida,
Sem dor não há valor?
Então para que a chegada?
Nada que é fácil é valorizado,
E quando há conquista,
Se toma um pedaço.
Alguns dominar,
Outros dominados,
Liberdade é perigo,
Cabresto para humanos,
Não só para cavalos.