HUMILDE REDUTO
Izaías Veríssimo de Castro - 21/10/2020
Pra sempre quero acordar cedinho
Com o cantar do galo e o gorjear dos passarinhos
Ouvir os estridentes berros dos cabritinhos
E o “mugir” do gado à beira do curral
Quero ordenhar minhas vacas
Fornecer o leite que tanta gente alimenta
Com prazer preparar uma farta ração
Encher bebedouros e suprir cocheiras
Debulhar o milho pras aves de criação
Quero ver afoito o meu cavalo inteiro
A correr beira-cerca, divisa do vizinho
Relinchando e sapateando o terreiro
É ela, a potranca fértil soltando cheiro
Sempre eu quero sentar na varanda
Com a mente tranqüila como a vida manda
Ver ali, deitado por perto meu velho cão
Eterno companheiro, tenho muita gratidão
Dali aprecio pelo corredor se embrenhar
Todo meu plantel com a rabada a balançar
Indo direto pra pastagem verde e suculenta
Pra mais ainda minha visão se vislumbrar
Outras coisas que adoro e não abro mão
É olhar pro campo, “as ruas” de plantação
Ver a terra fértil tombada cheia de torrão
E em sulcos o rastro de arado no chão
A terra molhada do leito do solo exala
O cheiro de vida que adentra a alma
E isso faz bem a qualquer matuto
Que diz no estalo, sem pingo de dúvida
Que o resto dos dias que terá de vida
Deseja ser assim num humilde reduto.