O tempo e o trem.

Manter as suas bagagens trancadas no armário.

Era o que mais importava.

E lá na estação.

Vem chegando o trem.

Trancadas estão suas bagagens.

Atropelado pela multidão.

Ele não consegue entrar.

E o trem vai embora....

E ela estava lá.

Sentada em um dos vagões.

Talvez cansada de esperar.

Descerá em outra estação para recomeçar...

A espera produziu amadurecimento.

Ela era a borboleta sufocada imersa as suas bagagens trancadas.

A multidão é o tempo que passa e nos dá sinal de que é preciso agir.

Entrar no trem e partir.

Recomeçar em outro lugar.

Um caminhar livre e mais seguro.

Sem amarras, sem mentiras, sem ilusão.

20 de outubro de 2020.