Menino

Menino cresce na rua,

Na garantia de Deus,

Tem a família, um lar,

Lá fora amigos seus.

Preocupação é a bola,

Que em telhados perdeu,

Cobrança só na escola,

Se estudou, convenceu.

Mas cresce,

E sua alma é ofertada,

Ao breu.

A necessidade do capital o consome,

Perde a essência do menino,

O sistema o forma homem,

Necessidade o toma,

Passa a ter medo da fome.

Quer ter um carro bonito,

Roupas de marcas,

Bens de consumo,

Padrões estabelecidos,

Gostos entregues ao mundo.

Alma desvalida,

Consumida gota a gota,

O ser hoje é de (ser)vidão,

O ter o engana,

É vendido misturado a de(ter)minação.

O que esperar do futuro,

Já pensa na próxima ceia,

O pão de amanhã o consome hoje,

Como trazê-lo à mesa?

Uma conquista diária,

Sonhos, na cama ficaram,

O que almejou se perdeu,

Angústia sem parto nasceu.

Sobre ombros a culpa do passado,

Cada minuto que passa,

Aumenta o peso do fardo,

Esperança suicida,

E a fé foi posta de lado.

Não te aprisiones menino,

Essa dor mais e mais te consome,

Encontre uma saída,

Fuja!

E abandone esse homem.

Charles Alexandre
Enviado por Charles Alexandre em 07/10/2020
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