Menino
Menino cresce na rua,
Na garantia de Deus,
Tem a família, um lar,
Lá fora amigos seus.
Preocupação é a bola,
Que em telhados perdeu,
Cobrança só na escola,
Se estudou, convenceu.
Mas cresce,
E sua alma é ofertada,
Ao breu.
A necessidade do capital o consome,
Perde a essência do menino,
O sistema o forma homem,
Necessidade o toma,
Passa a ter medo da fome.
Quer ter um carro bonito,
Roupas de marcas,
Bens de consumo,
Padrões estabelecidos,
Gostos entregues ao mundo.
Alma desvalida,
Consumida gota a gota,
O ser hoje é de (ser)vidão,
O ter o engana,
É vendido misturado a de(ter)minação.
O que esperar do futuro,
Já pensa na próxima ceia,
O pão de amanhã o consome hoje,
Como trazê-lo à mesa?
Uma conquista diária,
Sonhos, na cama ficaram,
O que almejou se perdeu,
Angústia sem parto nasceu.
Sobre ombros a culpa do passado,
Cada minuto que passa,
Aumenta o peso do fardo,
Esperança suicida,
E a fé foi posta de lado.
Não te aprisiones menino,
Essa dor mais e mais te consome,
Encontre uma saída,
Fuja!
E abandone esse homem.