Eu que buscava a leveza

A vida não é roteiro,

Não há regras definidas,

Destino atua,

A sorte muda,

O foco ofusca,

Se há script,

Não é vida.

Enquadram a vida,

Quadro quebrado,

Vidros que cortam,

Espalhados por todos os lados,

O sangue escorre pela mão do ser,

Queria capturar a cena,

Eternizar um momento passado,

Quantos ali já finados,

Relembrando o doce e amargo,

Presos a mentes,

Nelas vivos e reeditados.

Procuram provas,

Querem definir o indecifrável,

Voltam a enquadrar,

Cena? Foto?

Filme? Quadro? Porta retrato?

Não importa,

A platéia espera atos,

Querem decidir,

Inocente ou culpado.

Agora conceitos, ações, idéias e opiniões,

O julgo em cubos,

Preenchidos, revelam uma foto, cena,

Visão dos outros à imagem do seu mundo,

Nas experiências deles, classificarão se há excessos ou absurdos.

Além do diagnóstico,

Receitam o remédio,

Para seu mal profundo.

Agoniza, grita,

Angústia e desespero vem inundando tudo,

Ergue os braços,

Pede socorro,

Ouve sussurros.

É o outro,

Tomando posse de tudo.

Quer doutrinar tua mente,

O tempo de sua vida,

Suas palavras são deles,

Emoções que outros sentem,

Por ti deve ser sentida.

Querem ser a água da sua sede,

O pão que a fome sacia,

A pesca de sua rede,

O sol do teu dia,

A chuva que te encobre,

O vento que acaricia,

Querem estar em sua mente,

Do coração, ser motivo de cada batida.

Eu que buscava e queria a leveza.

Charles Alexandre
Enviado por Charles Alexandre em 05/10/2020
Reeditado em 05/10/2020
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