Eu que buscava a leveza
A vida não é roteiro,
Não há regras definidas,
Destino atua,
A sorte muda,
O foco ofusca,
Se há script,
Não é vida.
Enquadram a vida,
Quadro quebrado,
Vidros que cortam,
Espalhados por todos os lados,
O sangue escorre pela mão do ser,
Queria capturar a cena,
Eternizar um momento passado,
Quantos ali já finados,
Relembrando o doce e amargo,
Presos a mentes,
Nelas vivos e reeditados.
Procuram provas,
Querem definir o indecifrável,
Voltam a enquadrar,
Cena? Foto?
Filme? Quadro? Porta retrato?
Não importa,
A platéia espera atos,
Querem decidir,
Inocente ou culpado.
Agora conceitos, ações, idéias e opiniões,
O julgo em cubos,
Preenchidos, revelam uma foto, cena,
Visão dos outros à imagem do seu mundo,
Nas experiências deles, classificarão se há excessos ou absurdos.
Além do diagnóstico,
Receitam o remédio,
Para seu mal profundo.
Agoniza, grita,
Angústia e desespero vem inundando tudo,
Ergue os braços,
Pede socorro,
Ouve sussurros.
É o outro,
Tomando posse de tudo.
Quer doutrinar tua mente,
O tempo de sua vida,
Suas palavras são deles,
Emoções que outros sentem,
Por ti deve ser sentida.
Querem ser a água da sua sede,
O pão que a fome sacia,
A pesca de sua rede,
O sol do teu dia,
A chuva que te encobre,
O vento que acaricia,
Querem estar em sua mente,
Do coração, ser motivo de cada batida.
Eu que buscava e queria a leveza.