A Mãe Terra
Tirem os prédios, casas,
O asfalto que faz o caminho,
As tubulações enterradas,
Água, esgoto, fios e conduítes,
O que irá sobrar?
Gaia, Kdjônpou Nác, a terra.
A terra,
A conexão com a mãe.
Ela agoniza, quase não respira,
Mas sobrevive sem o ar inalar.
Ela oferece o alimento,
Fornece a mata para tratar o ar de seus filhos,
E destruímos.
Ela produz os nutrientes necessários para cada cultura,
Faz com que a vegetação cresça, floresça e de seus frutos no momento certo,
Mas a ganância de seus filhos,
Acelera rumo ao incerto.
Temos a necessidade de produzir mais,
Explorar o que se planta em qualquer lugar,
Frutos terá que ofertar durante todo ano,
Para nosso maldito lucro aumentar,
É exigido,
Se é mãe, tem que dar.
Os filhos mais próximos,
Dela queremos tirar.
Matem a todos,
Faça o gado entrar.
Indígenas, ribeirinhos e quilombolas,
Retribuem o amor,
Se alimentam de seu seio.
E a inveja, ciúme um frenesi capitalista,
Faz com que nós, urbanos,
Carcereiros das próprias grades,
Deseje aos filhos mais próximos da mãe Terra,
O mesmo castigo que escolhemos.
Como se fosse slogan de propaganda:
Nós punimos, quero isso para você também!
Desejamos tirar o filho do seio,
De forma abrupta e sem receio,
O que importa a forma ou o meio,
Por ameaça ou atropelo,
Acende o fósforo e fogareiro,
Se não à bala, tiroteio,
A ruptura é um desejo,
Afasta a mãe, traz dor ao peito,
Alguns abandonam a vida em desespero,
Retornam à mãe, através do enterro.
A terra ficará,
Girando em torno do astro rei,
Pela eternidade,
Como sempre fez.
Muda o ar,
Solo,
Água evapora,
Gases lançados à atmosfera.
Ela continua rodando e rodando.
Não há mais vida,
Será mais uma mãe órfã de seus filhos,
Assim como suas irmãs,
Que também giram em torno do mesmo sol.
Tanto a aprender,
Não buscaram escutar e absorver.
Talvez o erro foi dotar de pensamentos,
Se achou dono da razão,
Quiz explorar a mãe,
Cometeu suicídio,
Além de matar os irmãos.
E ainda se definiram como civilização,
Quando na realidade,
Título certo,
Exterminação.