SEI QUE VOCÊS NÃO GOSTAM DE POESIA

Sei que vocês não gostam de poesia.

Sei tambem que o estado poético, no geral,

a poesia latente das coisas do mundo, anda calada, idosa, quieta

as vezes fala baixo, discreta.

Sei tambem que as minhas palavras saem faróis,

iluminando os mares que passam.

Sei tambem que elas correm laminas,

cortando velhas conexões, teias.

Sei tambem que os dias em casa

correm distantes, e sem tempo

e aqui dentro, eu vou longe sem sair do lugar.

Sei também que eu me deixo perder diante os velhos olhares.

E o que resta são memorias espalhadas pelo chão, fico à vontade.

E sobretudo, sei que não sei o que será ...

E é bom não saber, posso respirar, posso existir.

É bom não poder dizer de nem uma forma o que será, me livro das amarras.

Nem através da poesia, nem através da ciência, nem através da arte.

Pois nesse começo de tempo sem fim “é preciso saber não entender”.