Abrir os braços

Há cada dia venho tentando modos possíveis de manter o meu desejo nessa quarentena, há dias em que a saudade de gente bate forte e os encontros virtuais não substituem presenças.

Fim de semana me deparei com fotos antigas de viagens, ao ver essa foto me senti capturada, senti como se estivesse há anos sem abraçar amigos e familiares, não percebia o quanto os abraços são importantes pra mim.

Fiquei pensando nos reencontros quando for permitido voltar a abraçar.

Antonella ás vezes vai até o portão e se abraça e diz as amigas que esse é um abraço de vida, ela encontrou ao seu modo um jeito de abraçar. Abraços.... Tempos difíceis, vínculos que se sustentam mediados por uma tela, os toques são tácitos e distantes, os afetos são simbolizados através de figurinhas.

Busca-se modos de reinventar, olhando pela janela a mesma paisagem tentando enxergar desde outros ângulos, mas tem dias que a saudade aperta e provoca um nó na garganta e dói no corpo todo e o absurdo desses dias se faz ver.

Procura-se inutilmente um sorriso por detrás das máscaras e um afeto que tampone o vazio das repetições de uma rotina que tenta ser descontruída.

Um presente que escancara a solidão, dou voltas com a minha xícara de café, meus livros e as minhas músicas, procuro qualquer coisa de afeto nas palavras efêmeras, escrevo os meus sonhos e faço tentativas de não me perder na sedução da tristeza.

Há caminhos, há abraços de vida, há a esperança dos reencontros, há aquilo que pulsa e convoca para seguir, para além da noite, dias ensolarados que podem ser sentidos mesmo através da sacada.