Sentada na varanda
Sentei hoje na varanda, com o olhar no horizonte , vi figuras do passado
igualzinho num reponte.
Eram imagens que passavam como se fosse um tropel, levantando muita poeira que subiam para o céu.
Recostada na cadeira que sozinha balançava, quanto mais olhava ao longe,mais a fita retornava .
Vi a menina pequena com bonecas a brincar que eram as mais bonitas, fico hoje a recordar.
Todas feitas das espigas, do milho quando floridas,tinha loiras ,tinha ruivas só não tinha as morenas.
Eu adorava minhas bonecas e todas as brincadeiras, hoje restam as lembranças
dessas coisas tão amenas.
Vi minha mãe tão sofrida das duras lidas diárias ,tinha sempre com um ar tão triste, parecia solitária.
Vi meus irmãos no terreiro fazendo boizinhos com chu chu e perninhas de madeira
Formando grandes boiadas, que linda era a brincadeira.
Os patos e as galinhas pareciam estar bailando, saltavam as vezes juntos a comida disputando.
O milho era jogado direto no chão batido o que tornava a disputa por vezes um ato sofrido.
Sempre tem o mais esperto, mesmo no mundo dos bichos, que se serve a vontade, deixando para os outros, quase só o lixo.
Vi a infância terminando, dando espaço a juventude e com ela as novidades e tudo aquilo que ilude. Vi meus pais envelhecerem com seus corpos já encurvados, de tanto que trabalhavam pra ter compromissos honrados.
E a vida foi passando como num filme antigo, e veio a saudade da minha terra, dos meus pais,irmãos e amigos.
Eu vivi tanta beleza com muita simplicidade, aprendi com a natureza o que é amor de verdade.
Eu não sei se fico triste quando na varanda eu sento, mas gosto de recordar, da vida cada momento.
Mas certas recordações eu até quero que esmaeçam por isso vou encerrando pra que elas não apareçam .