Sou

Tenho o sol que ás vezes me ilumina, como quem nada quer me dá indícios, em outros momentos me queima não somente a pele mas até o meu juízo. Ando por caminhos que parece que já percorri mas nos meus sonhos surge um GPS e novos caminhos se abrem.

Escrevo no meio do caos, aquilo que se mistura e deixa em evidência o que ás vezes me resulta difícil enxergar, as palavras tão retomadas por mim e a linguagem que atravessa o infinito do meu corpo e o meu olhar até quando tento inutilmente desvendar todos os mistérios do universo ou os meus próprios.

Quando foi que os segundos se passaram tão depressa? Por momentos se captou o eterno que se arrastou e que se revelou até no horizonte daquilo que não queria ser dito, vírgula se denunciou ao toque do mais azul do céu.

Estou aqui, o caminho emerge ao som dos tropeços, a voz ganha vida ou a vida se dá através das palavras?

Os sons inúteis de imagens distantes que se fizeram, a seu modo, notar. Não pareciam letras maiúsculas, mas falaram a partir desse lugar, foram meus dedos?

Ás vezes bate no toque da tarde um gosto quase escancarado de saudade sem nome, traços de vínculos desencontrados. Quando foi que se eternizou? As notas me encontraram ou eu busquei e sigo buscando por elas? Me tocam ou eu as toco?

Há dias em que o sol machuca, noutros ele faz harmonia com as flores, as árvores e manhãs serenas.