Simplicidade.

Sonhei com a simplicidade

Não sei quanto tempo levou

Mas o instante durou

O tempo que a vida leva

Qual fosse um novelo de lã

Num castelo de cordas que se transforma

Um menino amarelo que amanhecia

Pra depois anoitecer mil vezes

Era o cravo, era a treva

Vento leve, uma brisa

Que sopra a verdade em seus ouvidos

Tempestade chega de repente

Semente de tempo que a vida leva

Sonhei que a vida era coisa singela

Era um doce com calda de caramelo

Que se vê na infância e não se prova

Não se esquece, que renasce como nova, todo dia

Porque o viu numa fotografia amarelada

Sonhei com a simplicidade

Que de simples que era

Passa a vida inteira e não se alcança

Desiste de esperar e de querer

Como quem não quer nada

Mas a alma

De seu jeito teimosa ela era

E ainda a espera calmamente

Porque

Sonho e vida são coisas que não se junta

E tudo se torna muito

Muito diferente, quando a gente acorda

Pode ser que eu só tenha sonhado

Que essas coisas todas não tivessem

Esse lado esquisito

Essa forma torta como a coisa é dividida

Onde há o feio e o bonito

O lado de cima, o outro lado

O disforme e o quadrado

O errado e o quase certo

Porque sempre que uma vez desperto

Tudo fica complicado

A verdade e a realidade

Contrastando outra vez com a pureza

Da simplicidade que eu sonhava

Onde tudo era caro ou barato

Era claro ou escuro

Mas não tinha passado

E nem futuro.

Edson Ricardo Paiva.