DIÁLOGO

Hoje saí a esmo num belo diálogo com a chuva, à procura da infância

em minha esplendorosa memória de criança.

Liberdade era o caminho, e brincar, o compromisso com o prazer,

lazer de todo dia.

A chuva gotejava minha pele com seus pingos cristalizados que caiam

densos e serenos a florir o verde, encher os rios, matar a sede,

sede de brincar, de viver, de amar, de ser feliz;

amar os amigos, o barro, o peão, a bola de gude, a árvore que nos acolhia com seus braços fortes e sombra solidária.

O cajueiro com seus galhos inclinados nos deitava e balançava-nos

ao vento, entrelaçados na total cumplicidade de bem estar.

Andávamos, pulávamos, corríamos por veredas e ruas,

nas rotas intermináveis, sem cansaço, sem fome,

com o lume da alegria atravessando aqueles dias para um lugar que só o

paraíso sabe explicar.

A liberdade clama sua voz no mundo dentro de nós.

Hoje convidei meu filho a sair a esmo na chuva à procura da sua infância, muito ocupado entre quatro paredes, na rede que não balança, ele disse não.

Orlando Alves Ribeiro
Enviado por Orlando Alves Ribeiro em 23/07/2020
Reeditado em 01/09/2020
Código do texto: T7014823
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