Socorro
Eu me recuso
Eu paro o tempo
Eu fecho os olhos
Eu abro as torneiras
Eu esqueço a segunda
A terça, a quinta
E quando me lembro
Já é sexta
Eu quebro os vidros
E junto os cacos
Retalho os trapos
Que deixei cair
Eu ascendo as luzes
E grito ao escuro
Clamo pelo amor
Que não quero sentir
Eu tropeço no degrau
Que nunca enxerguei
Mas que sempre feriu
A minha dor, a sua voz
E de tanto silêncio
Me fiz refém
De uma pressão real
Que falece, pouco a pouco
As janelas podem esconder
O que não mais é visto
Por quem muito já viu
Onde nada é removido