Eu e o divã
Eu estava em romance com meu leito
Dormir e sonhar já não me cabe mais no peito
Descansar não me guarnece de energia
Eu deitei no seu divã
E alçei rumo ao meu desejo
Aos olhos que nunca admiti amar
Aos seios que nunca consegui pousar
Do sexo que nunca consegui nascer
Às palavras que nunca consegui falar
Às falas que nunca suportei escutar
Não que eu queira definir minhas agalmas
Mas eu sei que existe um tesouro aqui
Me atraiu quando citaram um tal legado
Anseio ser analista
Mas também ser poeta
Poeta no fim da vida
Só quando eu achar que nada resta