Dona Maria

Da infância em Pedra Branca

Do seu leito, quiçá uma rede

Balançavam sonhos de uma destranca

O sertão não daria conta da sua sede

E com Antônio formou família,

Abençoada por sete filhos

Mais bocas, aumenta a carestia

Mas guerreiros, não seria empecilho

Sobrando amor e disposição

Nada impediria alcançar o restante

Então na carroceria de um caminhão

Começa a história de outros retirantes

E no norte do Paraná, viúva nova ficou

É o destino querendo ver como se equilibra

Sem tempo, o luto em luta se transformou

Sempre foi mulher de muita fibra

E veio encarar a cidade grande

Mas nada é maior que sua determinação

Na dificuldade sua força se expande

Filhos alimentados e recebendo educação

E mais boca para esticar a corda

Não é problema pois gigante é seu coração

E seu amor que sempre transborda

Pega mais uma filha por adoção

O que é conhecido de todo mundo mineral

Era dona de um sorriso cativante

Tratou cada um de um modo especial

Sempre fez nos sentirmos importantes

E cada um que com ela conviveu

Tem para contar muita história

Que encheriam um museu

Para o esplendor de sua glória

Da minha parte um sentir-se agradecido

De conhecê-la me ufano

E nestas quadras deixo um resumido

De tão adorável ser humano

Mas sei que falha esta minha arte

O enredo de sua vida é multifacetado

E o que conheço é só uma pequena parte

Mas guardo a certeza: tem amor por todo lado!

Então na dor aguda de sua ausência

Quando me cutucarem suas lembranças

Numa oração de reverência

Agradecerei tão querida herança

E espero lembrar e testemunhar sempre

Os bons momentos que tive

Mantendo meu coração quente

Dona Maria VIVE!