Querida infância

Querida infância!... Passei anos da minha vida tentando te reencontrar

Todos os dias acendia em mim a chama da esperança

De poder te ver novamente, para te perguntar:

-Porque me deixaste? Que caminhos tomaste?

Pois eu, como um pobre homem ansioso, treinei na frente do espelho minha fala decorada

Dia após dia, até não errar mais nada

E de pronto, indagar-te-ia também:

-Querida infância! Que faço eu para novamente ser criança?

Que faço para sentir-me vivo a luz dessa lembrança?

Como trazer de volta aquele alguém?

Aquele "eu" menino, que se alegrava com doce e travessura!

Que não precisava de um vício para encontrar a doçura!

Que ria de tudo, enquanto o tempo não era ninguém?

A resposta nunca me veio... E decerto, não me virá mais

Deixo esta carta para algum filósofo, passo adiante este enigma

Quem sabe um dia, resolvam mais esse misterio da vida.