INQUIETUDE
Inquietude, minha leal companheira,
Por ti renuncio as certezas e a sanidade atiro ao vento,
Lançando-me ao desconhecido;
És minha utopia e horizonte,
Ouves os gritos silenciosos e o bater das asas de meu espírito agitado;
És meu desafio, mais cara do que toda a glória do mundo.
Se me dilaceras, fazes jorrar a essência com que forjarei minha lança e escudo.
Mergulhas no mais profundo de minha alma, trazendo à tona o desconhecido. Então vejo:
Tanto mais enriqueço, quanto mais me doo;
Tanto mais conheço, quanto mais reconheço a própria ignorância;
Tanto mais me encontro, quanto mais me arrisco a perder-me nos labirintos do meu próprio ser;
Me despedaço, para sentir-me por inteiro e perco todos os sentidos para despertar da letargia;
Inquietude, minha doce carrasca...
Dá-me a pá, que cavarei o jazigo,
Sepultarei feliz tudo aquilo que morre em mim,
Se morreu, não era eterno e nunca fez parte do que sou.
Por ti, inquietude...
Sigo morrendo para todas as certezas e nascendo para todas as possibilidades.