Título?
Abro uma longa neck,
encho metade de um copo
americano com aguardente
e expremo metade de um limão,
misturando, inexplicavelmente,
o azedume e o amargor.
Alquimia salvadora.
Bebo, buscando um punhado
de não sei exatamente o quê
no devaneio que virá
em alguns minutos.
Buscando
ou fugindo?
Não sei você, mas da minha janela
eu só consigo ver
o muro e a casa bem cuidada
do meu vizinho.
Não há mar.
Não há horizonte.
Não há planícies verdes.
Não há sonhos.
Apenas tijolos e raiva.
Por isso a abro
somente pela noite.
O concreto não pode me impedir
de ver a beleza de um céu escuro
e das enigmáticas constelações.
Vocês tentam, mas ainda
não estou completamente
enterrado.