Sonho de partida
Na lida do dia a dia
Em meio à pandemia
Meu coração grita:
“Vá pro meio do mato menina”
A vontade é de fugir
Correr até os campos verdejantes
Viver na roça e na simplicidade
Respirar ar puro, longe da cidade
A vontade é de viver o que não vivo aqui
Entre as serras serenas
E montanhas de gratidão
Buscar a vida simples no sertão
A vontade é de fugir
Para a beira dos riachos
Ouvir atentamente o canto dos pássaros
E o som do vento soprando os galhos
Apreciar o verde natural
Desprender-se do mundo capital
Agradecer o dia a cada amanhecer
Cultivar no meu quintal, apenas o que virá florescer
A vontade de fugir é imensa
Não quero mais viver nessa ilusão
De ter que trabalhar para garantir o pão
Se cuidares da terra, sei que será fértil o coração
Poderei plantar neste meu sonho
O verdadeiro sentido da vida
Que é viver em constante sintonia
Com o que há de mais natural em meu ser:
Plantar e colher
Apreciar e agradecer
Verde, bicho, serra
Fertilidade e terra
Isso tudo não vivo aqui,
Por isso daqui tenho que partir.