Marginal Alado (Poesia marginal)

Fora dos padrões vivo,

Sobrevivi.

Em ruas escuras,

Caminhos, vielas,

Becos úmidos,

Poças de águas turvas.

Embrenhado em névoa noturna,

Onde se escondem as estrelas e lua,

Anoiteço junto a milhares que vivem na rua,

Da rua,

Espreito vidas beirando a loucura.

Vejo versos, poesias,

Que vivem a sangrar no âmago,

Do inconsciente menino,

Que chora a fome.

Sobreviver beira à primazia.

Sou o preto que o preconceito sufoca,

A mulher que apanha e se priva,

O pobre que o rico explora,

Sou o fruto de uma insana tirania.

Marginal alado,

Me cortaram as asas,

Uso a grafia,

Grito sem voz ecoa na mente,

Preenchendo o que antes estava vazia.

Charles Alexandre
Enviado por Charles Alexandre em 13/06/2020
Reeditado em 14/03/2024
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