Marginal Alado (Poesia marginal)
Fora dos padrões vivo,
Sobrevivi.
Em ruas escuras,
Caminhos, vielas,
Becos úmidos,
Poças de águas turvas.
Embrenhado em névoa noturna,
Onde se escondem as estrelas e lua,
Anoiteço junto a milhares que vivem na rua,
Da rua,
Espreito vidas beirando a loucura.
Vejo versos, poesias,
Que vivem a sangrar no âmago,
Do inconsciente menino,
Que chora a fome.
Sobreviver beira à primazia.
Sou o preto que o preconceito sufoca,
A mulher que apanha e se priva,
O pobre que o rico explora,
Sou o fruto de uma insana tirania.
Marginal alado,
Me cortaram as asas,
Uso a grafia,
Grito sem voz ecoa na mente,
Preenchendo o que antes estava vazia.