AUTO CONTEMPLAÇÃO

Chega o tempo

No qual o exterior grita

Um mundo bem diferente do nosso...

Então,

É quando...

Chegado o inevitável tempo,

É preciso se olhar

Com as lentes de dentro.

É preciso tomar o fôlego

Do justo lugar na arquibancada da vida

Na auto contemplação da poesia captada

e encenada,

Nos versos plantados, trabalhados e recolhidos

Nos versos chorados e suplantados

Nos versos roubados de impulso que nos impulsionam

Aos redimensionamentos necessários

Degustados um a um, pelo suado crescimento

Da sagrada inconsciência atemporal do se existir.

A que nos faz continuar.

Chega o nosso tempo...

O de se tornar a degustar

O todo com calmaria...

Como flor que renasce na relva judiada

Sem intencionar saber o porquê.

Os assaltos e sobressaltos

Os erros e acertos

As plenitudes dos êxtases

A força e o cansaço

As derrotas e as vitórias,

Os medos e as brisas.

O sentido.

E ainda

No tudo que não foi compreendido,

Chega o tempo

Da Auto contemplação milagrosa

De nunca se ter desviado de si mesmo.

Chega o necessário tempo de se auto computar.

Cada emoção,

Cada paixão,

Cada ingratidão...

Cada verso equivocado

Cada amor dissipado.

O tudo que nos foi só emprestado

Do pó ao pó!

Pela liturgia do tempo.

É quando é chegada a batuta

Dum entendimento mágico que transforma

A nós e ao nosso todo,

Na plena relatividade absoluta

Do relógio biológico das horas que nunca cessam.

Chega o tempo

No qual o exterior grita

Um mundo bem diferente do nosso...

Todavia sem exaurir a essência de dentro:

A do sopro do início.

No rolar das horas

Há um chegado tempo de olhar e ainda não saber...

Embora já sabendo.

É quando nos urge, ao menos,

A sabedoria do aceitar

Que toda hora tem o seu propósito.

E que assim nos seja.

É na auto contemplação

Como numa perene oração em tempo contínuo

Que alcançamos o entendimento

Ainda que só sensitivo

Do grande mistério que passa...

E nos perspassa

A se cumprir silencioso

Na beleza perene dessa nossa aventura atemporal chamada vida.