Carta à vida.

Ó, vida amarga.

Ó, realidade trágica.

O que fizeste aos homens?

O que bradaste no ouvido das almas puras?

Por que corres da morte tão farta?

Por que matas os pequenos de vida calma?

Eu não entendo-te, vida.

Por que corrói minha alma?

Nos orfanatos da corriqueira mente,

Escondem-se os órfãos da tristeza muda.

O que sou eu, afinal?

O que faz, no peito, esta dor miúda?

Os pássaros zombam de mim, no alto.

Eles devem pensar:

"Por que ainda caminham os homens mortos?"

De um fã de Walt Whitman,

Pedro Lino.