Coveiro de mim
"E, lá estava um outro eu, enterrando um eu morto.
A cada cova cavada, um novo eu nascia.
E, como amava essas versões que brotavam em mim.
Era doloroso, me afundava no desespero;
Me chamavam para a beirada do precipício.
Apavorado e relutante por semanas, eu ia.
Mas, antes de me jogarem, me davam asas.
E, eu, voava.
Como voava.
Era lindo de se ver.
E, o medo inicial de morrer, ficava para trás.
Era no fim, um coveiro de mim mesmo.
E, amava assim. Me amava a cada ocaso."