Cinzas
Quando Nietzsche afirmou,
Que “um [humano] precisa queimar-se
Em suas próprias chamas para, enfim,
Poder renascer das cinzas,
Creio que ele refletia sobre o dom,
O qual todos nós temos,
De tornar-se Fênix.
E quando após a noite ou, ainda,
Depois de um tempestade e,
Vem um novo amanhecer,
Es tu Deus, meu,
Que vem me dizer: Renasça.
Quando olho para dentro de mim,
E vejo a criança que sou, que fui, que vou,
Vejo-a em cinzas, vejo-a triste,
Vejo-a. Sinto-a. Percebo-a gritando:
“Renasça das cinzas”!
Quando tento buscar uma canção,
Vem à minha memória o Raulzito: “Tente outra vez”,
Quando busco algo mais dançante,
Vem “Give in to me” em um lascivo rebolado,
De Michael Jackson.
E daí? Daí entendo que es tu, vida,
Que deves render à mim.
Pois sou fúria e doçura,
Sou guerra em mim mesma,
Sou alguém que deseja amar,
Não importa a cor,
Não importa a língua,
Desde que eu possa descortinar o infinito e,
“Give in to me”!
Eis que permito-lhe,
Coração meu: renasça.
Seja Fênix! Seja pássaro!
Seja livre voo...!
[por Cláudia Valéria/ Kakal - 26/12/2019]